Pesquisar é um prazer, principalmente por que sempre há coisas novas a descobrir. Na minha pesquisa de doutorado, recentemente, tive a alegria de descobrir uma jovem mulher já falecida às portas do século XX, talvez por muitos esquecida, e que chama atenção por ter sido uma poetisa negra na Primeira República brasileira.
Auta de Souza, natural de Macaíba, no Rio Grande do Norte, onde nasceu em 1876, e publicou um único livro, Horto, prefaciado por Olavo Bilac. A publicação teve repercussão nacional e além dela, Auta ainda escrevera numerosos poemas inéditos que foram coligidos postumamente. Segundo o Catálogo de Escritoras da UFSC,
Sua poesia, de um romantismo ultrapassado e com leves traços simbolistas, circulou nas rodas literárias do país despertando sempre muita emoção e interesse, e foi fartamente incluída nas antologias e manuais de poesia das primeiras décadas.[1]
Descrita como oscilando entre o romantismo tardio e o simbolismo, a poesia de Auta de Souza alcançaria reconhecimento à sua época, colaborando com a revista Oásis e posteriormente, aos vinte anos, para o jornal A República. Sua obra tambem foi publicada por jornais como O Paiz, do Rio de Janeiro, então Distrito Federal, A Tribuna, de Natal, A Gazetinha de Recife e na Revista do Rio Grande do Norte. Neste último, era a única colaboradora[2].
Tal feito é particularmente notável quando se pensa que, à época, a escrita e a participação nos veículos de imprensa eram quase que totalmente reservadas aos homens. Auta teve em vida seu trabalho reconhecido nessas áreas, o que por si só já é digno de nota. Isso fez dela a poetisa mais conhecida fora do Estado do Rio Grande do Norte.
Contudo, Auta, como tantas outras jovens escritoras e escritores de sua época, foi acometida de tuberculose já no início de sua adolescência, tendo por isso tido que abandonar seus estudos[3]. De qualquer forma, foi uma leitora ávida, dedicada à sua escrita e aprendizado, tendo deixado sua marca na literatura brasileira ainda que seu trabalho não tenha tido o mesmo peso na memória nacional do que o de seus contemporâneos homens.
Em 1901, com apenas 24 anos, falecia em Natal, no Rio Grande do Norte. Seu livro de poesias reunidas, Horto, foi reeditado em Paris em 1910, e depois em 1936, no Rio de Janeiro[4]. Nesta última edição, já com poesias inéditas.
A vida e obra de Auta podem ser também encontradas em dois mini-documentários disponíveis online:
Vídeos:
“Noite Auta – Céu Risonho”
[youtube https://www.youtube.com/watch?v=K1bS663Rjpc&w=560&h=315]
“Auta de Souza – Poetisa (por Taís Araújo)”
[youtube https://www.youtube.com/watch?v=x_NR8kw94gw&w=560&h=315]
Referências:
[1] Disponível em http://www.catalogodeescritoras.ufsc.br/catalogo/auta_vida.html, acessado em 04/10/2018.
[2] Disponível em <https://pt.wikipedia.org/wiki/Auta_de_Souza>, acessado em 04/10/2018.
[3] Disponível em http://www.catalogodeescritoras.ufsc.br/catalogo/auta_vida.html, acessado em 04/10/2018.
[4] Disponível em http://www.catalogodeescritoras.ufsc.br/catalogo/auta_vida.html, acessado em 04/10/2018.
Fonte das imagens: Templo Cultural Delfos