“O Becco do Rosario
A demolição do antigo Becco do Poço [*] expulsou a gentalha ali habitante – que, afinal, devia encafuar-se em alguma parte. A mesma gentalha, entretanto, aprecia e prefere o centro da cidade: não as artérias principaes, – o que, então, seria o cumulo! – mas as transversaes, que são precisamente a caterva de beccos que infestam o coração da ‘urbs’.
Assim, e não existindo disposição municipal moralisadora alguma, o ‘pessoal’ afugentado procurou acomodar-se numa especie, assim, de succursal: o antigo Becco do Rosario. E com o inseparavel accrescimo: os tumultuarios ‘habitués’, que formam a fina flôr da capadoçagem porto-alegrense.
Releva notar que as vielas transversaes vão, todas, desembocar ou nascer ou, ainda, encravar-se nas ruas principaes do centro, de movimento quotidiano forçado em todas as horas e de habitação familiar. Pois as desordens, os debóches, todas as incoveniencias revoltantes da ralé estão a atormentar pavorosamente os transeuntes e os moradores proximos do famigerado Becco do Rosario. A coisa tem proporções: desenvolve-se da rua Vigario José Ignacio á Senhor dos Passos, quasi todo o perimetro da má afamada e mal cheirosa rua 24 de Maio.
O sarilho é constante: diaria e nocturnamente. De permeio, quitandas asquerosas ou bodegas ignobeis a empestar a atmosphera. E, a coroar tudo, os ajuntamentos repulsivos, quadros de miseria e de revolta, os outros, as outras… Ora, a policia, se não póde eliminar aquillo, póde, ao menos, attenual-o um pouco.
Este é o pedido, não muito exigente, de algumas familias das imediações e endereçado, por nosso intermedio, a quem de direito.”
**atual av. Borges de Medeiros, “[…] uma ruazinha em curva, continuação da Rua do Poço, hoje conhecida como Jerônimo Coelho.” (TERRA, Eloy. “As ruas de Porto Alegre – Vol. 2” Porto Alegre: AGE Editora, 2002. P. 21)
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