O desenho desta página – a reconstituição de uma grande vista aérea da demolição do Beco do Rosário, na década de 1920 – pode parecer complexo. De fato ele é, mas apenas se pensarmos que optei por desenhar cada prédio, cada telhado, ou seja, mais um trabalho minucioso do que realmente complicado.
Na verdade, para tornar mais visível a mudança radical da paisagem urbana operada naquela época, uma estratégia foi essencial:
pensar em termos não de prédios individuais, mas de quadras, ruas, e desenhar os prédios depois.
Naturalmente, tendo estudado a estrutura fundiária da cidade de Porto Alegre – ou seja, o desenho de suas quadras e lotes – ficou muito mais fácil pensar globalmente como inserir no espaço de uma página tamanho A3 todo o trecho das três quadras do antigo Beco do Rosário que foram parcialmente demolidas.
Para isso, uma dica: resolver a composição geral do esboço num tamanho menor que o final, mas que ainda seja proporcional ao mesmo, ajuda imensamente. Assim, optei por esboçar o desenho geral da paisagem numa folha de rascunho de tamanho A4 (metade de uma tamanho A3), onde resolvi como a cena da demolição iria aparecer.
Uma vez resolvida a composição neste tamanho menor e proporcional, com traços gerais e partindo dos espaços das ruas e quadras, ficou bem mais fácil executar o desenho a lápis no tamanho final, A3.
Desenhos como esse, em que a grande quantidade de elementos repetidos (prédios) dá uma aparência de complexidade, na verdade têm uma estrutura bem mais simples se pensarmos de modo global: partindo dos espaços das ruas e quadras, depois dos lotes dentro das quadras, fica bem mais fácil de imaginar a paisagem urbana que se quer reconstruir.
Que delicia! Descobri hoje a sua arte e estou apaixonada.
Um abraço de Portugal e Londres ao mesmo tempo.
Muito obrigada, fico muito feliz! Grande abraço do Brasil. 🙂