A passagem dos anos 1920 para os anos 1930 foi marcada pelo início da verticalização da paisagem de Porto Alegre, ou seja, surgiam aí os primeiros “arranha-céos” da capital gaúcha. Crescendo em altura, os prédios começavam a atender não só a crescente necessidade de moradias no centro, mas também de salas de escritórios, consultórios, lojas – estas, claro, no térreo – e quartos de hotéis.
Não raro encontramos anúncios desses grandes e modernos empreendimentos nos jornais da época, como neste anúncio do “Novo Grande Hotel Schmidt”. O desenho do alto prédio que ilustra o anúncio denota a modernização da cidade que crescia “para cima” e o texto ressalta a tecnologia usada na sua construção: “Installado sob os mais modernos requisitos de hygiene”. Ou seja, um prédio projetado para ter boa ventilação e iluminação, instalações sanitárias e hidráulicas que garantiam todo o conforto do visitante. Se para nós, hoje, isso parece banal, é preciso pensar que a cidade ainda tinham muitas construções ainda do século XIX que não eram equipadas da mesma forma.
O aspecto arquitetônico é interessante: considerado moderno, o prédio foi projetado com nítida inspiração neoclássica adaptada para múltiplos andares. Sua fachada é nitidamente dividida entre base, corpo e coroamento, e o tratamento rusticado1 da fachada também é típico da arquitetura daquele estilo. Além disso, a entrada em arco pleno e a cornija decorada também são elementos neoclássicos usados no projeto deste hotel.
É curioso notar que os quartos estão anunciados para dois tipos de hóspedes: homens solteiros e casais, o que leva a pensar que mulheres sozinhas não fossem admitidas num estabelecimento desse padrão naquela época…
Nota:
1Textura das paredes feita a partir da repetição de sulcos horizontais paralelos, e que nos prédios clássicos simulavam a disposição de pedras cortadas.