Hoje escondido entre edifícios bem mais altos, o antigo Regina Hotel, situado no Edifício Alcaraz, já dominou, com seus seis andares, a paisagem em rápida transformação ao seu redor: ele foi construído a poucos metros da grande avenida Borges de Medeiros, que à época da publicação desse anúncio, era um grande rasgo no centro histórico de Porto Alegre. Essa posição privilegiada certamente deve ter dado projeção a esse edifício, foi um dos pioneiros do processo de verticalização da paisagem porto-alegrense. Contudo, como os contrastes são a marca das cidades brasileiras, o imponente Regina Hotel também estava situado na esquina do “beco” Itapirú, hoje conhecido também como travessa Acilino de Carvalho e hoje a frustrada rua 24 Horas.
Assim como tantos outros de sua época, esse prédio descrito como “moderno” trazia na sua fachada as marcas inconfundíveis da tradição neoclássica da arquitetura eclética: uma base marcada por marquise e grandes aberturas para lojas, seguida de um corpo ritmado por pilastras colossais, sacadas com balaústres e janelas de verga reta, e coroado por uma marcante cornija decorada com mãos francesas, e que reforça a esquina arredondada. Porém, se na aparência muitas tradições se mantém, no interior os modernos equipamentos sanitários e as telecomunicações garantiam uma experiência absolutamente moderna ao visitante: “Todos os quartos com luz directa/ Banheiros com optimo serviço de aquecimento central/ Telephone em todos os quartos”. Luxos que hoje podem não impressionar tanto, mas que na época diferenciavam essa construção de outras mais antigas, em que muitos dos cômodos talvez sequer tivessem janelas.
Mas essas acomodações não eram para todos: a primeira linha ao lado da foto do hotel já deixava claro que aquele era um estabelecimento destinado “Exclusivamente para famílias”.