Essa charmosa charge[1] do Correio do Povo vem nos mostrar que, quase há cem anos, estamos usando muitas das mesmas expressões coloquiais “d’antanho”:
“Ele quer comer nas minhas costas.”
“Passar cebo nas canelas.”
“…passou a perna n’ele.”
“Está fazendo castelo no ar.”
“Puxando as brazas para a sua sardinha.”
“Tentou encobrir ‘o sol com a peneira’…”
Na imagem, em função de estar um tanto desfocada, fica difícil identificar o autor dos desenhos, mas parece tratar-se do tcheco Francis Pelichek, que desenvolveu trabalho intenso como professor do Instituto de Belas Artes da UFRGS e também na imprensa de Porto Alegre.
Para escrever uma história em quadrinhos da época, esse é um exemplo de que a pesquisa pode ajudar também a escrita dos diálogos, provando que muitas formas coloquiais já estavam em uso no tempo em que a história se passa.
[1] Correio do Povo, 12/05/1926. Hemeroteca do Museu de Comunicação Social Hipólito José da Costa, Porto Alegre.