Quem faz uma história em quadrinhos baseada em pesquisa tem que se preparar para… redesenhar! Sim, exatamente, tanto eu sei disso que, quando dei de cara com a fotografia da prova de solidez do viaduto no Correio do Povo, naquela tarde no Arquivo Histórico Municipal Moysés Vellinho. Primeiro, veio a alegria de encontrar um documento histórico de que não se tem mais memória hoje em dia, e, logo em seguida, a resignação saber que teria que respirar fundo e redesenhar a página dupla da história em quadrinhos “Viaduto” que já estava pronta.
Explico: quando escrevi o roteiro da história, minha pesquisa só tinha levantado notícias de jornais descrevendo a cena do teste sem trazer nenhuma imagem de exatamente como ele foi feito. Assim, tive que me apoiar na imaginação histórica que tinha no momento em que desenhei a lápis essa página dupla:
Eu gosto muito dela até hoje, e curti muito desenhá-la, mas tive que reconhecer que ela tinha vários erros. Caso não tivesse encontrado a fotografia, a teria colocado na história sem problemas, mas era difícil resistir à necessidade de redesenhar baseado em informações bem mais completas:
Então foi assim que, já trabalhando na colorização das páginas, quando cheguei nesta tive que parar e redesenhar, no verso das duas páginas a lápis mostradas acima, a mesma cena, só que com os detalhes dos vagões e caçambas de caminhões repletas de pedras, os trilhos, os engenheiros em volta e tudo mais. Deu trabalho? Deu. Mas a recompensa é o resultado perene no livro:
Pesquisar é isso. Aceitar que fazemos o melhor que conseguimos com os dados que temos no momento, mas que tudo pode mudar conforme avançamos.